"Bem-aventurados serão vocês quando, por minha causa os insultarem, perseguirem e levantarem todo tipo de calúnia contra vocês. Alegrem-se e regozijem-se, porque grande é a recompensa de vocês nos céus, pois da mesma forma perseguiram os profetas que viveram antes de vocês”. (Mt 5,11-12)
Espanta-me o ódio que muitos cristãos internautas têm pela CNBB e pelo Papa Francisco. A formação cristã vinha de uma boa catequese, de boas homilias, de círculos bíblicos, de uma vida engajada na comunidade e de uma espiritualidade de profunda raiz evangélica. Hoje, alguns formadores de opinião nas redes sociais apresentam aos cristãos uma formação rasa baseada numa leitura obtusa que permite o ódio e o xingamento de bispos, padres, CEBs e até do Papa.
Na Igreja sempre existiu grupos mais conservadores, ou liberais, ou mais espirituais, ou carismáticos ou libertários. A diferença é uma riqueza na Igreja. Porém, quando um ou outro grupo se tornou fundamentalista e quis impor aos outros grupos as suas ideias obtusas, a Igreja amargou grande prejuízo. A visão fundamentalista nunca fez bem à Igreja e ela sempre machucou os irmãos e irmãs. O fundamentalista sempre ofende quem não pensa como ele.
Quando olhamos para Jesus, percebemos que o Mestre nunca foi fundamentalista, pois sempre dialogava com firmeza, sem perder o respeito e a ternura. Jesus fez refeição com os pobres, com cobradores de impostos (Mt 9,9-10), com os fariseus e mestres da lei (Lc 7,36-37), etc. Grupos diferentes, com ideias diferentes receberam a presença e a Palavra do Mestre.
Voltemos ao ódio que cristãos formados pela internet têm da CNBB e do Papa. Na Igreja, o vínculo do respeito nasce do Evangelho e do voto (ou compromisso) de obediência. Padres e diáconos, freiras e frades, monges e monjas, bispos e cardeais se comprometem a obedecer seus superiores diretos e ao Papa. Por amor ao Evangelho do Mestre e pela santa obediência respeitamos nossos bispos, amamos nosso Papa, etc.
Por outro lado, em relação aos cristãos leigos e leigas, o respeito nasce somente do Evangelho, pois eles não fazem o voto de obediência. Aos leigos resta apenas o Evangelho. É do Evangelho que nasce a postura amorosa na imitação do Mestre. O fundamentalismo de qualquer espécie nega e renega o Evangelho e descamba numa atitude de total desrespeito para com tudo e todos os que pensam diferente.
Quando vejo gente católica tratar com ódio nossos bispos e Papa, sinto que o desconhecimento do Evangelho está a causar danos que podem ser irreparáveis. O amor aos nossos pastores e o diálogo amoroso na discordância são atitudes vivas da catolicidade.
Como católicos não podemos tolerar o ódio a ninguém. Ainda mais ódio aos pastores escolhidos pelo Bom Pastor. Não podemos tolerar o ódio a CNBB. Mas nossa resposta será a de sempre: ternura e diálogo, pois nosso modelo é Jesus Mestre.
Termino com uma má notícia: se você deixa de ouvir e seguir o Papa e os bispos, para ouvir e seguir youtúberes, facebúqueres e outros que dão voz ao fundamentalismo e ao desrespeito, você já deixou de ser católico faz tempo…
ORAÇÃO: Senhor Jesus Cristo, Mestre de mim, amo os pastores que pusestes à frente da Igreja. Sei de seus defeitos e de suas limitações, mas confio em vossa bondade e na vossa sabedoria. Confiastes em Pedro, mesmo depois da negação. Confiastes em mim, mesmo sabendo quem sou. Dai força aos nossos pastores, afim de que sejam como Vós. Amém.
Pe. Demetrius Silva
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