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Mostrando postagens de 2018

OS PADRES E AS ELEIÇÕES

"Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso espírito, para que possais discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada e o que é perfeito” (Rm 12,2) Nos últimos dias muitas pessoas me perguntaram em quem irei votar ou em quem elas deveriam votar. Tenho respondido: "eu vou votar em quem eu quiser” ou “você é livre para votar em quem você quiser”. Brincadeiras à parte, acredito que os padres não devemos apontar candidatos ou partidos em que votar. Nossa missão é apresentar o Evangelho de Cristo, testemunhar a alegria do Reino de Deus, alimentar a esperança dos pequenos e pobres na luta da justiça e celebrar o mistério divino. Tenho por princípio não dizer publicamente em quem votarei. Também não indico às pessoas sugestões em quem votar. Apenas ofereço princípios cristãos para uma votação mais coerente com os valores de Jesus. Vejo muitos padres, inclusive companheiros de presbitério, expondo diretamente em

O ÓDIO AO PAPA E AOS BISPOS

"Bem-aventurados serão vocês quando, por minha causa os insultarem, perseguirem e levantarem todo tipo de calúnia contra vocês. Alegrem-se e regozijem-se, porque grande é a recompensa de vocês nos céus, pois da mesma forma perseguiram os profetas que viveram antes de vocês”. (Mt 5,11-12) Espanta-me o ódio que muitos cristãos internautas têm pela CNBB e pelo Papa Francisco. A formação cristã vinha de uma boa catequese, de boas homilias, de círculos bíblicos, de uma vida engajada na comunidade e de uma espiritualidade de profunda raiz evangélica. Hoje, alguns formadores de opinião nas redes sociais apresentam aos cristãos uma formação rasa baseada numa leitura obtusa que permite o ódio e o xingamento de bispos, padres, CEBs e até do Papa. Na Igreja sempre existiu grupos mais conservadores, ou liberais, ou mais espirituais, ou carismáticos ou libertários. A diferença é uma riqueza na Igreja. Porém, quando um ou outro grupo se tornou fundamentalista e quis impor aos o

O DESERTO DA SOLIDÃO

Naquele tempo, o Espírito levou Jesus para o deserto. E ele ficou no deserto durante quarenta dias, e aí foi tentado por Satanás. Vivia entre animais selvagens, e os anjos o serviam. (Mc 1,12-13) O deserto representa a vida como ela é. A vida não é um mar de rosas. Ela é uma aventura que começa com a concepção e termina com nossa morte. Quando somos expulsos do ventre de nossa mãe inicia-se o processo de solidão que nos acompanhará até nossa morte. Ser pessoa, ser indivíduo implica em ser só. A solidão é a nossa principal realidade e quando mais rápido a aceitarmos, mais fortes serão as nossas relações com os outros. Sim, isso é paradoxal: reconhecer a realidade de nossa solidão faz com que tenhamos um melhor relacionamento com as pessoas. Tenho uma amiga que está há vários anos acamada. Depende dos outros para tudo. Não consegue se comunicar. Rodeada de pessoas que a amam, ela está só, como que presa dentro de seu corpo. Com meu velho pai também foi assim: passou cinco

ESPERAR CONTRA TODA ESPERANÇA

"Esperando, contra toda a esperança, Abraão teve fé e se tornou pai de muitas nações…" (Rm 4,18) A realidade brasileira representa um enorme desafio para a fé cristã. Os já sabidos esquemas de corrupção que envolvem as grandes empresas, a política e os poderes da república vieram à tona e se tornaram claros aos nossos olhos. A descoberta que partidos políticos, sindicatos, ONGs, polícias (e até igrejas) estão envolvidas com a sujeira mais imunda jogada sob os tapetes do país faz com que os homens e mulheres seguidores de Jesus percam a esperança de um futuro melhor.    A desesperança causa imediatamente o enfraquecimento do profetismo das igrejas e a individualização da relação da vivência religiosa juntamente com a mistificação mágica dos ritos católicos e a supervalorização de elementos secundários da liturgia: roupas, insígnias, paramentos, pompas, entre outros. No cristianismo, quando se perde a esperança, dá-se demasiada importância para aquilo que não é o