Disse Jesus: “Esta é a vontade do meu Pai: que todo homem que vê o
Filho e nele acredita, tenha a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia”.
(Jo 6,40)
Recentemente, a notícia de que padres cometeram suicídio escandalizou muitas pessoas. Cristãos, ateus, profissionais da saúde, bispos, leigos, padres, etc.,
ficaram chocados porque homens que lidam com o sentido da vida perderam o sentido
de viver.
Algumas pessoas (ingênuas)
descobriram que os padres também têm sentimentos e que podem sofrer. Outras perceberam
que muitos padres derramam o seu suor até a exaustão para ajudar as ovelhas que
sofrem, mas eles não têm quem os ajude a enfrentar seus próprios problemas.
Sozinhos, incompreendidos,
exaustos e frustrados, os padres nem sempre encontram força na oração e na
espiritualidade, e acabam buscando conforto na bebida, no luxo ou nos braços de
outra pessoa que não é Cristo. Por fim, há aqueles que tiram a própria vida.
Vida que já havia sido tirada numa rotina de ativismo em meios às críticas mais
cruéis e perversas.
Se você ainda não sabia, fique
sabendo: nós, padres, somos seres humanos. Temos defeitos, sentimentos,
fraquezas, limitações. Colocamos nossa vida nas mãos de Deus e Ele é quem faz
de nós criaturas novas. Mas, alguns de nós não conseguem cultivar o sentido de Cristo
numa vida exaustiva e sem “retorno” de seus trabalhos.
Também formou-se na Igreja um clima de
perseguição online dos padres. Se o padre erra na liturgia, logo é denunciado no
facebook, ou é acusado ao bispo ou a nunciatura. Se o padre pensa diferente de
determinados grupos conservadores, estes logo difamam o padre em sites e redes
sociais.
Toda semana eu sou obrigado a
responder pessoas que criticam a “comunhão na mão”. Toda semana eu devo me
explicar porque eu não uso casula em todas as missas. Toda semana sou obrigado a
ouvir pessoas que pedem punição aos grupos de oração porque rezam em línguas ou
fazem o tal do repouso no espírito. Tudo isso suga as poucas energias dos
padres.
Diante desse clima e dessas
circunstâncias, nós padres buscamos somar forças com outros padres na busca de
uma espiritualidade que nos sustente diante de tantas adversidades. Tenho
pessoalmente encontrado força na espiritualidade discipular e me imagino como
um “eremita urbano”. Um homem que vive no meio da comunidade, mas que cultiva a
solidão de estar com Cristo na Bíblia e no céu estrelado acompanhado por um telescópio.
Nós precisamos repensar nossas
comunidades e paróquias. Nos tornamos especialistas nas mais diversas
pastorais, movimentos e grupos, gastando tempo e energia com reuniões e
atividades inúteis, e abandonamos nossa especialidade primeira: formar
discípulos e discípulas de Jesus. Creio que nós, padres, bispos e diáconos,
seremos mais felizes se nos dedicarmos ao essencial: Cristo e comunidade. Esse
assunto continua... Paz e bem!
Oração: Senhor Jesus Cristo, Mestre de mim, fazei que o sentido de
minha vida seja vossa pessoa a me conduzir ao Pai. Seja vossa Palavra e vossa
Eucaristia, o alimento a me sustentar neste mundo tão complexo. Seja o vosso
Espírito a luz que alumia o meu caminhar entre as trevas da ignorância. Que na
solidão eu não me sinta só, pois estais comigo. Assim seja, amém!
Pe. Demetrius Silva
Pe.Demétrius, eu também acredito que nós como formadores de pastorais, movimentos e comunidades, demos voltar nosso olhar a Jesus Cristo, evangelizador da Palavra de Deus!. Um abraço.
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