E Jesus, chamando a si a multidão, com os seus discípulos, disse-lhes: Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me. (Mc 8,34)
A dor é algo ruim. Seja física, psicológica ou espiritual,
a dor é algo que evitamos a qualquer custo. Apesar do avanço da medicina na
produção e descoberta de anti-inflamatórios e analgésicos, ainda convivemos com
situações onde a dor é insuportável e a medicina não está ao alcance de todos.
Quanto mais pobre, mais vulnerável a dor e à falta de assistência médica.
Muitas pessoas passam pela dor extrema e não são socorridas. A dor tira a paz.
Contra a dor psicológica e espiritual não existem anti-inflamatórios
ou analgésicos. Ela só pode ser enfrentada de duas formas: fugindo ou confrontando.
Nossa sociedade optou por fugir da dor psicológica e
espiritual. Criou-se vários modos de fugir da dor escamoteando-a para se fingir
que ela não existe; ocultando sua origem e desviando o foco de sua causa para
algo que não existe. Trocando em miúdos: não se enfrenta a causa da dor e
coloca-se a culpa noutra coisa.
E a religião? Boa parte dos grupos religiosos optou por
fugir da dor e não enfrentá-la cara a cara. Parte resolveu ganhar dinheiro com
a dor alheia. Quanto mais as pessoas fogem da dor, mais a dor continuará em
suas vidas, e mais lucro darão aos exploradores da dor. Culpam demônios,
encostos, feitiçarias, ou qualquer outra coisa, pelas dores de nossa vida, e
com isso ganham uma multidão de pessoas que optaram por fugir...
Todos enfrentamos situações que nos causaram e ainda causam
dor. Fugir delas não ajuda no processo de cura interior. Nossa alma é
profundamente influenciada pelas situações de dor e de trauma e, com toda
certeza, elas também são constitutivas de nossa personalidade. Alcançam a paz aqueles
que enfrentam a dor e o trauma. O
filósofo católico-maronita Gibran Khalil Gibran disse: “Do sofrimento emergiram os
espíritos mais fortes, as personalidades mais sólidas estão marcadas com
cicatrizes.”
Lutar contra a dor da alma
(sofrimentos e traumas) é enfrentar o passado e o presente, aceitando nossa
história e superando tudo aquilo que nos fez parecer o que não somos. Somos
humanos e insubstituíveis. Fugir dessa dor é deixar de ser quem somos.
Enfrentá-la é, de certa forma, descobrir nossa própria vocação.
Um conselho
final: tenha bons amigos. Eles são um verdadeiro tesouro.
Oração: Senhor Jesus Cristo, Mestre de mim, Vós que carregais as vossas e as minhas dores, ajudai-me a encarar o meu passado com serenidade, de tal maneira que eu aceite a minha história e meus sofrimentos e, convosco, viver a paz. Assim seja. Amém!
Pe. Demetrius dos Santos Silva
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