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Mostrando postagens de maio, 2014

Gritos implícitos

Disse o Senhor: Eu vi muito bem a miséria do meu povo que está no Egito. Ouvi o seu clamor contra seus opressores, e conheço os seus sofrimentos. (Ex 3,7) Nesses dias eu lembrei de um professor, quando estudei no IPJ (Instituto de Pastoral da Juventude) em Porto Alegre, no curso de Especialização em Juventude. Era o Pe. Hilário Dick, um Jesuíta apaixonado pela juventude, que dedicou a maior parte de sua vida ao apostolado juvenil. Homem sábio e provocador. Gosta de um bom mate e um bom churrasco.  Aprendi muitas coisas com esse Padre. Ele nos dizia que precisávamos escutar os gritos da juventude, pois Deus escutou os gritos dos hebreus no Egito. Pe. Hilário dizia que a juventude apresenta dois tipos de gritos: um explícito e outro implícito. Os gritos evidentes são os explícitos. Mas o Padre insistia que o bom assessor de jovens era aquele que escutava os gritos implícitos. Saber ler os gritos nas entrelinhas é fundamental ao se trabalhar com a juventude. O exemplo dado

Prefiro seguir Jesus

Jesus chamou de novo a multidão para perto dele e disse:  Escutem todos e compreendam:  o que vem de fora e entra numa pessoa,  não a torna impura; as coisas que saem de dentro da pessoa é que a tornam impura.  Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. (Mc 7,14-16) Estive numa comunidade para atender confissões durante um encontro de oração. Muita música, louvor, animação e pregações. Certa pregadora orientava os participantes sobre a necessidade de não se contaminar com as coisas do mundo. Ela comentou coisas importantes como não deixar a pornografia entrar no coração, rezar em família, ir à missa, etc. Mas, em determinado momento, ela começou a “profetizar” coisas estranhas à fé em Cristo Jesus. Ela dizia que ali tinha pessoas que estavam impuras porque comeram comidas contaminadas, alimentos que foram oferecidos aos ídolos, e estas comidas traziam a maldição para a pessoas e suas famílias e, assim, deviam participar da missa de cura e libertação e, se necessário, passar por um ri

Amor capaz de sacrifícios

Com efeito, diante de Deus nosso Pai nos lembramos sempre da fé ativa, do amor capaz de sacrifícios e da firme esperança que vocês depositam em nosso Senhor Jesus Cristo. (1Ts 1,3) Vivemos tempos difíceis onde as pessoas procuram as facilidades para reduzir ao máximo os esforços que devemos fazer. Ainda hoje encontramos pessoas que optam por não estudar mesmo sabendo que seu futuro profissional será muito mais difícil e muito menos promissor. Se estudando as coisas já são difíceis, sem estudar se tudo torna muito mais difícil. Hoje vejo pessoas inventando desculpas para não estudar: “Eu não gosto”, “minha cabeça dói”, “muita gente que não estudou se deu bem na vida!”, “veja fulano, estudou tanto e hoje é ninguém”. Desculpas e mais desculpas. Estudar exige sacrifícios de quem estuda. Sacrificar o tempo, os passeios, as diversões, o sono, o descanso, o lazer, etc. Quando estudamos muitas vezes somos obrigados a fazer aquilo que não gostamos, mas sabemos que é necessá

Espiritualidade na incerteza

 Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi e vos designei para irdes e para que produzais fruto e o vosso fruto permaneça. (Jo 15,16) “ Certa vez, um homem estava em um navio e este afundou. O naufrágio foi tão rápido que não deu para soltarem os botes salva-vidas. No meio das ondas, ele viu um pedaço de madeira, agarrou-se nele e, com muita dificuldade, conseguiu chegar a uma ilha deserta. Ficou feliz quando encontrou ali água doce, frutas... Assim o homem conseguiu sobreviver. Improvisou um barraco e ali passou a viver. Agradecia diariamente a Deus e olhava com carinho para o pedaço de madeira que o salvara. Passaram-se várias semanas e aquele homem continuava ali, pois não havia jeito de se comunicar com o mundo. Um dia, ele saiu, como de costume, a procura de comida. Quando chegou, encontrou sua tenda em chamas. O fogo, que ele havia tirado da pedra, alastrou-se e queimava tudo, inclusive o pedaço de madeira que o salvara. O desespero tomou conta daquele

Na busca da Paz

Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; mas não a dou como o mundo. Não se perturbe nem se intimide o vosso coração. (Jo 14,28)  A busca da paz é um desejo de todos nós. Mas existem muitas propostas de paz. Todas se resumem em apenas duas: paz do Mestre ou paz do mundo.  O mundo tem oferecido à humanidade a sua proposta de paz baseada na ideia do conforto material. Paz é igual a abundância de bens. Se você tem muitos bens e muito dinheiro você tem paz! Você tem seu futuro garantido: plano de saúde, escola para os filhos, aposentadoria, casa grande, chácara com piscina, etc... Paz e felicidade.  No entanto, as limitações humanas colocam em xeque a paz oferecida pelo mundo. O envelhecimento, as doenças ainda incuráveis, a violência, o mundo das drogas e suas consequências para os filhos, a dissolução do núcleo familiar, etc., mostram que bens e dinheiro não são suficientes para garantir a paz. O coração humano continua dominado pela perturbação e pelo medo... A tristeza vence a pa

Meninas da Nigéria e o sequestro da religião

Disse Jesus: se alguém fizer tropeçar um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe seria amarrar uma pedra de moinho no pescoço e se afogar nas profundezas do mar. (Mt 18,6) Nas últimas semanas recebemos a triste notícia, de que extremistas muçulmanos levaram centenas de meninas de um colégio interno no norte da Nigéria. Esse trágico fato deu origem a uma campanha mundial para que sejam salvas. A hastag  #BringBackOurGirls  t em sido vista em inúmeras imagens, páginas e sites. As religiões atuais, em sua fundamentação, sempre manifestaram o desejo de construir um mundo de paz. Mas, na prática, as religiões sempre enfrentam movimentos de fanatismo que colocam suas ideologias acima da dignidade humana. Sou cristão católico e tenho por princípio o seguimento de Jesus Mestre. Em minha religião existiu e existe movimentos fanáticos que colocam suas ideias acima do valor da vida. Muitas mortes foram feitas em nome de uma fé que se distanciou de seu Mestre. Em qualquer gu

Martírio de Estevão, martírio de Fabiane

Mas eles, dando grandes gritos e, tapando os ouvidos, avançaram todos juntos contra Estêvão;   arrastaram-no para fora da cidade e começaram a apedrejá-lo. As testemunhas deixaram suas vestes aos pés de um jovem, chamado Saulo. Enquanto o apedrejavam, Estêvão clamou dizendo: “Senhor Jesus, acolhe o meu espírito”. Dobrando os joelhos, gritou com voz forte: “Senhor, não os condenes por este pecado”. E, ao dizer isto, morreu. (At 7,57-60) Estamos no Tempo Pascal. Nos últimos dias acompanhamos a narrativa do martírio de Santo Estevão.  Estêvão foi um dos sete primeiros diáconos da igreja nascente, logo após a morte e Ressurreição de Jesus, pregando os ensinamentos de Cristo e convertendo tanto judeus como gentios. Estevão pertencia a um grupo de cristãos que pregavam uma mensagem mais radical, um grupo que ficou conhecido como os helenistas, já que os seus membros tinham nomes gregos e eram educados na cultura grega e que separou do grupo dos judeus cristãos a

Você me ama?

Jo 21,15-19 (Tradução Pe. Demetrius) 15. Depois de comerem, o Mestre perguntou a Simão Pedro: "Simão, filho de João, você me ama pra valer? Pedro respondeu: "Sim, Mestre, eu sou teu amigo!" O Mestre disse: "Dedique-se aos meus cordeiros". 16. O Mestre perguntou de novo: "Simão, filho de João, você me ama?" Pedro respondeu: "Sim, Mestre, eu sou teu amigo!" Disse o Mestre: "Dedique-se às minhas ovelhas!" 17. O Mestre perguntou uma terceira vez: "Simão, filho de João, você é meu amigo?" Pedro, com tristeza pela terceira pergunta, responde: "Mestre, tu sabes tudo, eu sou teu amigo!" Disse o Mestre: "Dedique-se às minhas ovelhas. 18. Na verdade, na verdade digo a você: Quando você era jovem, se vestia e ia para onde queria. Mais velho, vão vesti-lo e o levarão para onde não quer ir!". 19. Jesus Mestre estava se referindo sobre o tipo de sacrifício com que Pedro glorificaria a Deus. O Mestre dis

À Beira do Lago

Jo 21,1-14 (Tradução Pe. Demetrius) 1. O Mestre manifestou-se aos discípulos à beira do lago de Tiberíades. Foi assim: 2. Reunidos Simão Pedro, Tomé, o gêmeo, Natanael de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu, e outros dois discípulos. 3. Simão Pedro disse: "Vou pescar". Os outros disseram: "Também vamos". Estavam no barco, mas não pescaram nada naquela noite. 4. Ao amanhecer o Mestre estava na beira. Eles não reconheceram o Mestre. 5. O Mestre disse: "Jovens, vocês têm o que comer?" Disseram: Não! 6. O Mestre disse: "Joguem a rede à direita e pescarão". Eles jogaram a rede e não conseguiam arrastá-la de tanto peixe que tinha. 7. Então, o discípulo mais íntimo do Mestre disse a Pedro: "É o Mestre". Simão Pedro estava nu, mas sabendo que era o Mestre, vestiu-se e nadou. 8. Os outros vieram no barco cuidando da rede com os peixes. Estavam a uns cem metros da beira. 9. Chegaram em terra firme e o Mestre assava peixe