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Conversão e Liberdade

Não fiquem lembrando o passado, não pensem nas coisas antigas; vejam que estou fazendo uma coisa nova: ela está brotando agora, e vocês não percebem? Abrirei um caminho no deserto, rios em lugar seco. (Is 43,18-19)

O Mestre peregrinava para instruir seus discípulos e discípulas. Ele caminhava por uma estrada quando, do meio da relva alta, surgiu um homem jovem de grande estatura e com olhos muito tristes. Com a calma de sempre o Mestre parou e perguntou se poderia fazer algo por ele. O homem abaixou a cabeça e murmurou envergonhado:

- Sou um criminoso, um ladrão. Perdi o afeto de meus pais e dos meus amigos. Como quem afunda na lama, tenho praticado crime após crime. Tenho medo do futuro e não sinto sossego por nenhum instante. Vejo que o senhor é um sábio, ou profeta. Livre-me então desse sofrimento, dessa angústia! - pediu ajoelhando-se.

O Mestre, que ouvira tudo em silêncio, fitou os olhos daquele homem e alguns instantes depois disse:
- Estou com muita sede. Há alguma fonte por aqui?

Com expressão de surpresa pela repentina pergunta, o jovem respondeu:
- Sim, há um poço logo ali, porém nele não há roldana, nem balde. Tenho aqui, no entanto, uma corda que posso amarrar na sua cintura e descê-lo para dentro do poço. O senhor poderá tomar água até se saciar. Quando estiver satisfeito, avise-me que eu o puxarei para cima.

O Mestre sorrindo aceitou a idéia um tanto absurda e logo em seguida encontrava-se dentro do poço. Pouco depois, veio a voz do Mestre:
- Pode puxar!

O homem deu um puxão na corda empregando grande força, mas nada do monge subir. Era estranho, pois parecia que a corda estava mais pesada agora do que no início. Depois de inúteis tentativas para fazer com que o Mestre subisse, o homem esticou o pescoço pela borda, observou a semi-escuridão do interior do poço para ver o que se passava lá no fundo. Qual não foi sua surpresa ao ver o Mestre firmemente agarrado a uma grande pedra que havia na lateral. 

Por um momento ficou mudo de espanto, para logo em seguida gritar zangado:
- Hei, que é isso? O que faz o senhor aí? Pare já com essa brincadeira boba! Está escurecendo, logo será noite. Vamos, largue essa rocha para que eu possa içá-lo.

De lá de dentro o Mestre explicou:
- Esse é o seu problema. Você é grande e forte, mas mesmo com toda essa força não consegue me puxar se eu ficar assim agarrado a esta pedra. É exatamente isso que está acontecendo com você. Você se considera um criminoso, um ladrão, uma pessoa que não merece o amor e o afeto de ninguém. Encontra-se firmemente agarrado a essas idéias. Desse jeito, mesmo que Eu ou qualquer outra pessoa faça grande esforço para reerguê-lo, não vai adiantar nada.

Então o jovem puxou o Mestre para cima e perguntou:
- Mestre, o que eu devo fazer?

O Mestre respondeu:
- Tudo depende de você. Somente você pode resolver se vai continuar agarrado ou se vai se soltar. Se quer realmente mudar, é necessário que se desprenda dessas idéias negativas que o vêm mantendo no fundo do poço. Desprenda-se e liberte-se!!!

E aquele jovem seguia o Mestre pelo caminho...


Oração: Senhor Jesus Cristo, Mestre de mim, reconciliai-me com minha própria história para que eu possa me desapegar de meu passado e lançar-me à frente na construção de um futuro de paz e amor. Assim seja!

(História adaptada por Pe. Demetrius)

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